sexta-feira, 16 de março de 2007

O Homem de Palha

O grito morre na garganta, o sonho se torna um borrão. As linhas do meu rosto contam uma história longa, e eu não tenho tempo para lembrar. Quem tenta desaparecer, um dia pode se encontrar estendido num vácuo de pavor. Me comove uma lágrima que uma vez ninguém derramou. O corpo está ali e o fantasma se perdeu de novo.
Olhos se desmancham ante a visão do meu esforço. Lentamente entorpecido, encontro um caminho sem retorno. Será que alguém se lembra daqueles momentos de calor? Eu pergunto aos anjos a esmero, mas apenas a chuva me responde. Eu deveria ter escrito a verdade que se esperneia há tanto tempo. Envolto em mentiras, eu não preciso mais dormir. Refém do spleen, envaidecido por seus escombros, o homem de palha remenda mais alguns retalhos.

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