
sábado, 3 de março de 2007
O Beijo da Sarjeta
Minha vista dança na transe alcoólica e nas risadas incontidas. Meu corpo estremece com o toque quente da noite e da brisa. Eu não ando, flutuo pelas ruas, em um vôo que transcende o tempo, ultrapassa a loucura e ri da própria existência. Me sinto orgulhoso e invencível em meio a este delírio ébrio, sintoma da pirofagia. As amarras estão frouxas, a vergonha foi varrida. Uma voz no fundo da minha cabeça se ergue acusadoramente contra mim, tentando me arrastar de volta a sobriedade. Tarde demais, estou vencido e estou feliz assim. Caio no asfalto, me sinto completo, me sinto amado. O beijo da sarjeta é o amor mais perfeito que já senti.
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