quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Espectros

Olho para todos os rostos. Não vejo nada. Eles nada me oferecem e eu nada tenho para dar em troca. Nenhuma expectativa, nenhum futuro. Apenas passado e promessas. Eu sorrio para os rostos. Eles sorriem de volta. Sorrisos vazios, sem vida, uma contorção facial, nada mais. O som das palavras é monótono, desestimulante. Todos nós já ouvimos essa conversa antes. Todas as conversas levam ao mesmo lugar. Todos os rostos são iguais no final. Eles olham para mim e não me enxergam, apenas me julgam, uma velha memória, um objeto decorativo de suas rotinas. Eu os vejo da mesma maneira, e no fim somos todos espectros, corpos translúcidos sem valor, reflexos de nossa própria apatia. E quando eu busco seus olhos, procuro algum brilho, espero qualquer sinal de que ainda sou capaz de provocar alguma faísca. Mas seus olhos são sempre opacos, tão opacos quanto os meus.

2 comentários:

Luciano Costa disse...

quando você olha para o vazio, o vazio olha para dentro de você.

Renan Rodrigues disse...

vivemos num micro espaço do tempo do nosso meio-dia. o passado é só um sentimento e não existe. o futuro também ... e o presente acaba a todo momento.