O Enforcado
Meu abraço é a forca, é o desconforto que entrelaça. É o puro desespero, é o medo do abandono, o frio e silencioso aperto, o horror de não pertencer. Quando você desfaz o laço, eu caio sufocado e meu peito angustiado chora antes de esmorecer.
Crisálidas
Já tenho minha vingança planejada, uma carta amarga e mal escrita endereçada para a boca do seu desprezo. Nas poucas horas que nos separam, promessas dispostas e crisálidas formadas. Levanto meus punhos contra o céu e espero ansioso pelo nosso vôo.
Jorge
Jorge era um velho que ninguém suportava
Um verdadeiro tédio, tudo ele odiava
Uma tarde ele levou a mão ao coração
“Ora vamos vovô tomar alguma medicação!”
“Vão se foder!”, ele gritou sem nenhum pudor
“Agora só por querer, vou tomar remédio à toa?”
Assim ele ficou por alguns segundos
Até cair morto sobre o chão imundo
Bem feito velho, por que não escuta?
Tomara que vá pro inferno
Queime filho da puta!
(Retirado de um diário de sonhos. A data é de 30/04/2004, uma sexta-feira)
Estava em uma ilha de concreto no meio do oceano. Era uma ilha pequena, e lá também estava um grande número de pessoas, todos jovens como eu. Eles formavam um circulo em volta de um grande cacto. Eu me mantinha afastado, olhando para o mar. Ouvi risos e me virei. Vi três meninas andando de braços dados, rindo histericamente. Uma delas se aproximou do cacto e o beijou. Sua boca começou a sangrar, ela desmaiou e começou a ter convulsões. Alguns se aproximaram para tentar ajudar. Da boca da garota jorrava sangue e de todo seu corpo brotavam bolhas que inchavam e estouravam de maneira grotesca. Um jovem segurava a cabeça dela e tentava acalmar os demais dizendo “Não há nada a se fazer! Temos que esperar!”. Eu dei as costas para aquela cena e voltei a observar o mar.
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