Pupilas dilatadas, carne trêmula, lábios rubros e suor quente. Eu estou no abismo.
Silêncio ensurdecedor, feridas ardentes, o ar é seco e as paredes sangram. Um indefinível gosto toma posse da minha língua, um sonho sem cores se projeta no teto e o chão frio faz minhas costas adormecerem. Sinto medo de sentir prazer.
Coração pulsante golpeia meus ouvidos, recuperando fôlego em um esforço continuo. O contato entre nossas peles origina um arrepio gélido e impiedoso. No escuro vejo o seu sorriso.
Mãos que se contorcem e não encontram saída. Murmúrios que são ordens que não fazem nenhum sentindo. Desejos entram em colapso em uma sucessão de aneurismas. Um rápido espasmo dilacera meu ímpeto ante o final gemido. A névoa me cega e me faz ver.
Eterno despertar, despertar dolorido. Meu corpo é uma emenda de cicatrizes e delírios. Vazio, vazio e vazio que eu preencho com dor e deleite nesse incesto diário. Intenso rubor se alastra por meu rosto, imperiosa flor me domina com seu incenso e uma fúria cega me aquece nessas madrugadas de tormenta. Faminto e desnudo ainda espero por seu beijo.

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