O que traz o silêncio além de desespero
Quando seu ímpeto é regido pelo medo?
Anestesiado pelo mais amargo dos venenos
Contemplo o desperdício de um íntimo desejo
Um sonho morto nos conduz por avenidas
Dedos entrelaçados, língua contra língua
Levo meus lábios ao encontro das feridas
E o choque da verdade fere minhas retinas
Imagens sacras me atormentam em um delírio
Anjos e mártires sangram sem nenhum motivo
O Caído me fala através de palavras e espinhos
O sacrifício é consagrado com um cálice de vinho
O som da manhã inspira algumas mentiras
A angustia cálida é devidamente entorpecida
Crianças pálidas aguardam uma lua enfurecida
A paixão amarga de fazer a vida tão mesquinha
“São oito e quarenta da manhã, domingo, estou desperto. Mais um dia sem motivo, meu estômago dói e minha cabeça quer morrer. Eu preciso de um exílio, estou fugindo de mim mesmo. As semanas se desperdiçam, todas iguais, inicio e fim, nada além. Talvez eu encontre um amigo e ele me diga que sente o mesmo. E me mostre o sentido por traz de cada verso, de cada sentença. Talvez o fracasso me faça ver que uma vez rendido não há nada a se perder. Nunca mais me procure novamente, o meu silêncio não precisa de você. Nunca mais me procure novamente, o meu delírio não foi feito para te dizer... Encontre o seu próprio medo e se afaste”.
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