quarta-feira, 18 de junho de 2008
“O tédio é um crime contra os desocupados”
Despertando (o lado negativo) – Meio da tarde
Jesus Cristo! Olhe só essas olheiras! Porra, tudo que eu fiz nas últimas semanas foi dormir umas oito horas, acordar, reclamar do frio e voltar a dormir por mais umas duas horas. Adiando compromissos, ignorando ligações, conversando com meus gatos... é um fato cientifico comprovado, se você passa a maior parte de seu tempo de moletom, você só pode ser um perdedor.
Revigorando-se – Inicio da noite
Estômago cheio, cabeça vazia. Lobotomia via tv a cabo. Modernas formas de meditação, padrões monótonos de sons e imagens sobrecarregam e sabotam meu senso de julgamento. Na cozinha outro televisor ligado, a falácia obscena do telejornal se funde ao chiado da frigideira. Meus sentidos super-excitados ocultam minha ansiedade e um sorriso débil deforma meu rosto. Orgasmo digital.
Tratado sobre o álcool – Meio da noite
Não tenho mais nenhuma idéia ingênua sobre o uso de entorpecentes. Passei um bom tempo tentando justificar o seu uso por razões políticas, intelectuais ou místicas, mas isso é papo furado. Eu fico bêbado por que me sinto desconfortável sóbrio. Completamente alienado de tudo que me cerca, incapaz de tomar parte em uma atividade social prática, por que nada que está fora da minha cabeça me interessa. Quando chapado me sinto absorvido pelo ambiente em que estou, me sinto parte do quadro. É como se minha mente me trancasse para fora e me obrigasse a brincar com as outras crianças.
Existencialismo juvenil (Idealismo morto?) – Final da noite
Nunca me senti tão desmotivado. Sempre soube que não poderia tomar parte de uma vida estável, comum e enfadonha. Empregos regulares não me atraíam, por isso quis virar jornalista. Que piada... essa deve ser a carreira mais corrupta, mentirosa e mecânica que existe. Tudo que você pode ser é uma engrenagem de uma máquina de propaganda regida por interesses corporativos. Eu sempre soube disso, mas pensava que havia alternativas, mas elas não existem, pois essa máquina engloba todo o sistema sócio-econômico em que vivemos e fugir disso te reduziria a um marginal. Eu não quero ser um ermitão alucinado berrando para o nada profecias apocalípticas. Eu quero fazer parte de algo real, mas acredito cada vez menos que isso possa existir.
Alívio onírico – Aurora
Não há nada que possa acontecer amanhã que possa satisfazer meu anseio acumulado nas últimas semanas. Não há nada que eu possa escrever que seja tão forte quantas as inúmeras folhas em branco com que me deparei nas últimas noites. O mundo parece oco e o silêncio da madrugada torna tudo mais absurdo. Assisto o Sol nascer e me reconforto com minha insignificância. Memórias desbotadas surgem em sonhos onde não posso reprimir meus desejos. Que o mundo se reduzisse a isso...
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Tácita
O que traz o silêncio além de desespero
Quando seu ímpeto é regido pelo medo?
Anestesiado pelo mais amargo dos venenos
Contemplo o desperdício de um íntimo desejo
Um sonho morto nos conduz por avenidas
Dedos entrelaçados, língua contra língua
Levo meus lábios ao encontro das feridas
E o choque da verdade fere minhas retinas
Imagens sacras me atormentam em um delírio
Anjos e mártires sangram sem nenhum motivo
O Caído me fala através de palavras e espinhos
O sacrifício é consagrado com um cálice de vinho
O som da manhã inspira algumas mentiras
A angustia cálida é devidamente entorpecida
Crianças pálidas aguardam uma lua enfurecida
A paixão amarga de fazer a vida tão mesquinha
“São oito e quarenta da manhã, domingo, estou desperto. Mais um dia sem motivo, meu estômago dói e minha cabeça quer morrer. Eu preciso de um exílio, estou fugindo de mim mesmo. As semanas se desperdiçam, todas iguais, inicio e fim, nada além. Talvez eu encontre um amigo e ele me diga que sente o mesmo. E me mostre o sentido por traz de cada verso, de cada sentença. Talvez o fracasso me faça ver que uma vez rendido não há nada a se perder. Nunca mais me procure novamente, o meu silêncio não precisa de você. Nunca mais me procure novamente, o meu delírio não foi feito para te dizer... Encontre o seu próprio medo e se afaste”.
Quando seu ímpeto é regido pelo medo?
Anestesiado pelo mais amargo dos venenos
Contemplo o desperdício de um íntimo desejo
Um sonho morto nos conduz por avenidas
Dedos entrelaçados, língua contra língua
Levo meus lábios ao encontro das feridas
E o choque da verdade fere minhas retinas
Imagens sacras me atormentam em um delírio
Anjos e mártires sangram sem nenhum motivo
O Caído me fala através de palavras e espinhos
O sacrifício é consagrado com um cálice de vinho
O som da manhã inspira algumas mentiras
A angustia cálida é devidamente entorpecida
Crianças pálidas aguardam uma lua enfurecida
A paixão amarga de fazer a vida tão mesquinha
“São oito e quarenta da manhã, domingo, estou desperto. Mais um dia sem motivo, meu estômago dói e minha cabeça quer morrer. Eu preciso de um exílio, estou fugindo de mim mesmo. As semanas se desperdiçam, todas iguais, inicio e fim, nada além. Talvez eu encontre um amigo e ele me diga que sente o mesmo. E me mostre o sentido por traz de cada verso, de cada sentença. Talvez o fracasso me faça ver que uma vez rendido não há nada a se perder. Nunca mais me procure novamente, o meu silêncio não precisa de você. Nunca mais me procure novamente, o meu delírio não foi feito para te dizer... Encontre o seu próprio medo e se afaste”.
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